Após o diagnóstico de um câncer, alguns pacientes ainda podem estar aptos a serem doadores de órgãos no Brasil
O Brasil tem mais de 43 mil pessoas à espera por um transplante, segundo dados do Ministério da Saúde. Para estar em condições de doar um órgão, é preciso obedecer determinados critérios, como informa a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
A doação de órgãos e tecidos pode ser feita por pessoas vivas ou que já faleceram. Quando o doador é falecido, é necessária a autorização de um familiar ou responsável legal, como explica o Ministério da Saúde. O órgão doado vai para um paciente que está aguardando na fila de espera, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Para que o órgão de um falecido seja considerado apto para a doação, é importante que o óbito não tenha ocorrido por doenças infectocontagiosas ou condições que danificaram o organismo. Segundo o Ministério da Saúde, nesses casos, a função dos órgãos pode estar comprometida ou a infecção pode ser transmitida para o receptor.
Já no caso da doação em vida, o transplante só pode acontecer com órgãos específicos, como um dos rins, parte do fígado e do pâncreas, pois mesmo sendo retirados, ainda há a possibilidade de uma vida saudável para o doador após o procedimento.
Para isso, o médico irá solicitar exames e avaliar o histórico clínico do doador. Pessoas que tiveram o diagnóstico de câncer de colon e reto ou de outras doenças oncológicas não podem realizar o procedimento quando apresentam quadros generalizados, conforme explica o Ministério da Saúde.
Para quem já teve uma doença oncológica, é aconselhável apresentar resultados de avaliações recentes, como exame de câncer de próstata, ultrassom de mamas e abdômen, ou outros.
Qual é a relação entre doença oncológica e doação de órgãos?
De acordo com o Sistema de Transplante do Ministério da Saúde, a restrição da doação de órgãos para pacientes com câncer se deve ao risco de transmissão das células cancerígenas ao receptor. Entretanto, há três tipos de câncer que não são impeditivos para a doação: o tumor primário do Sistema Nervoso Central, o carcinoma in situ de útero e o de pele, desde que não tenha ocorrido a metástase.
Alguns médicos consideram que a quimioterapia e a radioterapia influenciem na doação dos órgãos. A recomendação é tirar dúvidas com o oncologista ou um especialista em transplantes antes de se candidatar para ser um doador.
O Ministério da Saúde explica, ainda, que há outras exceções. Os pacientes de quase todos os tipos de câncer podem doar as córneas, pois elas são um tecido que não recebe vascularização, fator que não possibilita que as células cancerígenas cheguem até o órgão. As restrições para esse tipo de doação são doenças hematológicas, como linfomas ativos disseminados ou leucemias, retinoblastoma e tumores do segmento anterior do olho.
Também não podem doar órgãos quem teve insuficiência renal, no fígado, coração ou pulmões e pessoas com HIV, Hepatite B, C ou doença de Chagas.