Você sabia que nove em cada dez brasileiros estão infelizes no seu atual trabalho? Esse é um dado que foi descoberto pela Survey Monkey, companhia de desenvolvimento de pesquisas online. Isto nos traz uma importante reflexão sobre como está a relação entre empresas, funcionários e seus ambientes de trabalho.
Se, por um lado, as companhias esperam um alto desempenho e produtividade de seus empregados, por outro lado, os trabalhadores buscam ser mais reconhecidos e realizados com o que fazem, por uma remuneração adequada e com mais qualidade de vida. Com base nessas diferentes expectativas, então, como podemos equilibrar essa equação?
Apontar um culpado para tamanho descontentamento é uma questão delicada, uma vez que ambas as partes podem cometer erros e acertos. E, talvez seja isso o que muitos se esquecem ao contratar alguém ou começar um novo emprego. Empresas e funcionários são responsáveis pela felicidade ou pelo sucesso do negócio, sim.
Toda empresa tem uma cultura e uma forma de organização interna, mas muitos candidatos falham ao deixarem de pesquisar sobre isso antes de se candidatar a uma vaga. Mas, como você sabe que tipo de cultura e empresa você vai entrar?
Segue algumas dicas que acredito serem dicas básicas quando se procura ou troca de emprego:
1) Pesquise sobre a empresa: Qual a cultura? Que tipo de produto ou serviço essa empresa tem? Olhando de forma geral, eu me identifico com ela?
2) Como está a avaliação da empresa no mercado de acordo com os profissionais que passaram por ela? Dê uma olhada sobre o que os ex e/ou atuais funcionários falam sobre a empresa em sites como Glassdor ou Lovemondays.
3) Procure ler sobre a empresa em publicações de negócios que saíram na mídia, em diferentes veículos. Existem vários artigos, revistas e publicações sobre carreira e empresas.
4) Seja questionador e faça perguntas durante a entrevista para que entenda exatamente onde está entrando e qual tipo de expectativa você pode ter. Estou entrando em um ambiente start up ou em um ambiente mais conservador?
5) Avalie o entorno do lugar onde está sendo entrevistado, como as pessoas te recebem e até como se vestem e tente se imaginar naquela rotina. Seria um lugar que você se sentiria acolhido? O lugar desperta em você coisas positivas? Você gosta do jeito como o seu entrevistador te recebe e conversa com você. Essa identificação com o ambiente é extremamente importante.
6) Pela descrição do desafio, da empresa, da equipe, você sente que é a pessoal ideal para a vaga? Você se sentiu confortável?
7) Converse com ex-funcionários. Se você não conhece ninguém que tenha trabalhado na empresa, facilmente você encontra no LinkedIn alguém que possa ter passado por lá em algum momento.
Tudo isso te ajuda com importantes pistas de como se prevenir de possíveis contratempos no futuro.
Também é preciso ter em mente que mesmo o emprego dos sonhos tem seus dias ruins. Não é sempre que você estará feliz. Há momentos de maior ansiedade e mais desgastantes. É neste momento que você deverá tentar analisar a situação de fora: eu estou infeliz por causa do atual momento de alta demanda em que estou sobrecarregado ou estou mesmo infeliz com todas as minhas funções e responsabilidades do meu emprego? Estou incomodado porque estagnei e não busquei novos desafios ou não me proporcionam novos desafios? Ou será que, realmente, essa empresa tem sérios problemas de gestão que não estão ao meu alcance e o melhor é procurar outro emprego? Todas essas perguntas são importantes para se conhecer e diagnosticar as causas da sua infelicidade, além de ser parte de um processo maior de aprendizado, necessário para o seu crescimento profissional.
Por isso que sempre digo que uma forte arma contra a infelicidade no trabalho é o autoconhecimento. Depois de identificar onde está a falha, fica muito mais fácil tomar a melhor decisão e procurar oportunidades profissionais e empresas que tenham mais a ver com você. Todos nós merecemos uma vida plena, realizada, gostosa de ser vivida e é claro que, parte importante disso é estarmos felizes com nossos empregos, já que boa parte dos nossos dias são dedicados a eles.
Não podemos esquecer que as empresas também são responsáveis por promover um ambiente de trabalho saudável. Já existem muitos dados que comprovam que funcionários motivados tendem a ser mais produtivos. Gestores e equipe de RH devem considerar organizar programas de incentivo e treinamentos, oferecer cursos de idiomas e de aprimoramento profissional, dar feedbacks e até promover atividades prazerosas em grupo, como corridas ou aulas de yoga, por exemplo. Além disso, estabelecer desafios ajuda o profissional a se reinventar e ganhar confiança no trabalho. Quando os dois lados estão atentos as motivações uns dos outros, a tendência é que empresas e funcionários consigam manter altos índices de satisfação, felicidade e produtividade.
Por Mylena Cuenca