Devido ao home office e às diversas devoluções de escritórios — motivadas pela crise sanitária —, a taxa de vacância de imóveis na cidade de São Paulo têm aumentado e a tendência é que continue dessa forma.
No primeiro trimestre de 2020, antes da pandemia, a taxa estava em 13% em São Paulo. Já no quarto trimestre, ela aumentou para 17,29%. No Rio de Janeiro, o percentual chegou a 24,05%, estabelecendo um novo recorde, segundo a consultoria Buildings, que monitora o mercado imobiliário.
“É puro impacto de pandemia. Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre de 2020 a expectativa era que a vacância baixasse para cerca de 10%. Daí veio a pandemia e quebrou o ciclo, que era de queda. Agora, tivemos essa inversão e temos um ciclo de alta de vacância mesmo em apartamento no brooklin a venda“, afirma Fernando Didziakas, sócio-diretor da Buildings.
No entanto, vale ressaltar que o aumento do percentual de imóveis comerciais vazios também foi motivado pela finalização de novos empreendimentos de grande porte na cidade — como o Birmann 32, que possui mais de 50 mil metros quadrados — e pela inauguração de uma das torres do Parque da Cidade, que possui 40 mil metros quadrados.
Mais de 300 mil metros quadrados devolvidos em São Paulo
Somente na cidade de São Paulo, 302 mil metros quadrados de salas comerciais foram devolvidos de abril a dezembro de 2020. Destes, 101 mil metros quadrados pertencem a edifícios de luxo, segundo o indicador de absorção líquida da Buildings, que verifica a diferença do espaço que as empresas ocupavam e passaram a ocupar.
“Na minha percepção, 50% das empresas que devolveram é porque estão sobrevivendo bem ao modelo home office e vão continuar assim por um período. Não sei se de forma permanente, mas muitos perceberam que conseguem rodar bem assim. Os outros 50% são empresas que devolveram seus escritórios por uma pura necessidade de caixa”, disse Didziakas.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7,3 milhões de brasileiros estavam trabalhando em regime home office em novembro. Em outubro, este número chegou a 7,6 milhões.
Preços dos imóveis comerciais em queda
Em decorrência da taxa de vacância elevada e do grande volume de devoluções, o preço médio dos imóveis comerciais ficou praticamente sem margem para reajustes em 2020. Inclusive, a depender da região, pode-se dizer que houve quedas bruscas de valores..
De acordo com uma pesquisa do FipeZap — índice que publica dados relacionados à evolução dos preços do mercado imobiliário —, os preços de aluguel e venda de imóveis comerciais tiveram uma redução de 1,08% em um ano, no acumulado até o mês de novembro do último ano.
Já o IFIX — índice de fundos de investimentos imobiliários da bolsa — fechou o ano de 2020 com variação negativa de – 11%, motivando o aumento da vacância, das devoluções e também o crescimento da taxa de inadimplência.
Entretanto, Fernando Didziakas destaca que, apesar de tudo isso, em algumas regiões da cidade o preço do metro quadrado aumentou.
“Em linhas gerais, os preços estão mais baixos. Tem regiões que estão caindo muito, tem regiões que quase não caem e tem regiões inclusive que o preço está subindo. A região da Faria Lima, por exemplo, está com uma vacância de 7% a 8%”, repara.
Perspectivas para 2021
Na análise da Buildings, a taxa de vacância continuará em alta ao menos até o final de junho de 2021, a cargo das devoluções que estão em negociação e das entregas de edifícios que foram adiados para este ano.
“A quantidade de devoluções no 4.º trimestre foi menor que no terceiro, mas ainda assim maior que a tomada de novos espaços”, salienta Didziakas.
“A depender de como as coisas andam, da vacina e da economia, pode ser que essa curva comece a cair no segundo semestre, mas essa já é uma visão mais otimista”, conclui o sócio-diretor.