A Era Digital nos fez adeptos, às vezes até reféns, das redes sociais e outras maravilhas do mundo web e mobile. Mas nos últimos anos começamos a explorar o início de um novo tempo, a Era dos Dados.
Esse novo mundo é resultado da nossa imersão no mundo digital, onde renunciamos a nossa privacidade e passamos a compartilhar nossos dados em troca de likes, acessos, ebooks e inúmeros formulários e boxes de “li e aceito” que nunca foram, de fato, lidos.
Se por um lado faz parte do dia à dia a exposição voluntária de diversas situações da nossa vida, por outro, depois de muitos incidentes com dados pessoais, fraudes e afins, várias medidas regulatórias foram estabelecidas, como a criação de leis de proteção de dados.
Em 2018, a implementação do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) na União Européia, fez com que diversos países criassem suas próprias leis de proteção. Através dessa influência, foi também criada a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em terras brasileiras.
Privacidade de dados
No geral, o que temos visto é que há grande esforço das empresas em adequar-se às legislações de proteção de dados, e uma compreensão geral de que este momento é, na verdade, uma oportunidade para ganhar a confiança dos usuários, incentivar boas práticas e, ao final expurgar as práticas abusivas de alguns poucos players.
A publicidade direcionada, quando feita de forma responsável, gera uma melhor experiência para o usuário, um ganho efetivo para todo ecossistema de mídia e incentiva a criatividade e inovação na indústria.
Alguns números mostram isso. Em pesquisa da Data and Marketing Association mostra que 71% dos profissionais de marketing do Reino Unido acreditam que a GDPR é uma oportunidade para aumentar a criatividade de campanhas publicitárias.
Evidente, isso não significa que se adequar às legislações de proteção de dados seja simples. Ainda existe a necessidade de investimento de financeiro e tempo para a adequação completa e correta.
Uma nova realidade
A realidade é que o que começou com leis de regulamentações, hoje se apresenta com muito mais do que adequação jurídica e medo das multas aplicáveis para as empresas.
Quando falamos em privacidade e proteção de dados hoje, estamos abordando economia, sociedade e tecnologia. Estamos entrando de cabeça no que será uma mudança de comportamento mundial e digital, das empresas e da sociedade.
A partir das novas leis, a população, considerada os Titulares dos Dados, passa a ter ferramentas e autonomia para exigir transparência nos processos de tratamentos de seus dados pessoais por empresas e governos. Podendo assim, defender o que é reconhecidamente seu direito fundamental.
Essa nova realidade já vem afetando os gigantes da tecnologia como Google, Facebook e até mesmo o Nubank, que já vem realizando movimentação e atualizaram recentemente suas políticas de privacidade, incorporando esse novo paradigma às suas plataformas.
Mas como deixar claro a usuários, colaboradores e clientes que este pilar está presente nas marcas, processos, serviços e políticas públicas?
Não existe uma resposta mágica, mas existem inúmeras ferramentas que podem auxiliar empresas a prestarem contas não só para os órgãos reguladores, mas também para seu público.
Encontramos no mercado dois vieses de soluções: aqueles voltados para gestão da privacidade (que vão ser utilizados de forma interna pelos setores das empresas e seus DPOs) e os que contemplam Marketing e UX, que trabalham principalmente na parte da coleta dos dados e são focados em locais como sites, portais de notícias e outros canais de maior acesso e contato com seus clientes, leitores e leads em geral.
O que é UX Design?
UX é referente à “User Experience”, sendo a tradução literal, experiência do usuário. O UX Design porém, vai além do termo técnico. É ele a relação que a pessoa tem com um serviço ou produto.
Desde o momento em que o usuário se interessa por um serviço ou produto, faz pesquisas a respeito, compra, utiliza e tudo que envolve essa experiência, é UX. Deixando de ser apenas o design do aplicativo ou site.
Ele surge para tirar o produto ou serviço do centro de tudo e colocar alguém mais importante: o usuário. Sendo as pessoas que irão lidar com todo esse processo o foco principal. O profissional de UX Design busca tornar a experiência do usuário a mais interessante possível.
Cultura da Privacidade
A partir da premissa da transparência no tratamento de dados pessoais, clientes e colaboradores, é que serão desenvolvidos novos serviços e produtos com esse valor já embarcado desde o início e com efeito duradouro durante todo o seu ciclo de existência.
Assimilando essa cultura, podemos evidenciar essa nova forma de atuar que é, ao mesmo tempo, a de cumprir o que se espera de marcas, organizações e governos, e uma oportunidade de estabelecer relacionamentos de confiança com toda a cadeia de valor de cada segmento. Ou seja, além de obedecer a norma, pode-se incorporar esse valor à marca e fazer disso um importante diferencial competitivo.
Facilitar a experiência para cada tipo de público na hora de entender e permitir, por exemplo, o uso de coleta e Gestão de Cookies, facilitará com certeza a obtenção de consentimentos para tais finalidades.
Isso não é importante apenas para cumprir a norma, mas também para se continuar a captar dados de forma segura e através deles obter os insights necessários para a relevância do que fazemos diariamente.
Assim, aumentando o nível de eficácia das estratégias e ações de Marketing, Publicidade e Vendas num geral. Outro exemplo que se dá ainda no site das empresas, que pode (e deve) mostrar suas Políticas de privacidade a partir de um banner ou mesmo uma página dedicada.
Com a adição dessas duas soluções que utilizamos de exemplo, sua empresa já estaria iniciando seu processo de adequação e ao mesmo tempo ofertaria maior transparência sobre a coleta de dados aos visitantes do seu website, o que aproxima seus clientes da sua marca. São ferramentas que inclusive podem ser utilizadas de forma complementar dentro de um processo de gestão de dados interno (e externo).
Esse conteúdo foi produzido por Luíza Paines, redatora na empresa Privacy Tools.